quarta-feira, 25 de julho de 2012

Voltando a escrever.

Ventava forte, derrubando o vaso colocado sobre a mesa - mesa está que fora colocada junto a janela se imaginando ser um bom lugar para se refletir, olhando o movimento da rua. Nunca foi usado assim no entanto: servia para acumular coisas; compras, pratos, copos. Pequenos momentos de uso em uma vida corrida, sendo rapidamente limpa depois e com o vaso se mantendo.
Ventava forte e o vasou que caiu e não quebrou, derramou apenas aguá na mesa, que escorria fazendo um caminho, quase como o leito de um rio e fazendo sua foz ao fim da mesa aonde pingava, molhando o chão.
O barulho da queda do vaso não foi dos mais altos, mas abrupto, capaz de chamar a atenção de quem na casa dormia. Levantou-se de sua cama, caminhou até a sala de jantar e lá via o vaso inteiro e caido, a água da mesa até o chão e as flores espalhadas. Decidiu que não limparia, não naquele momento. Pensou em dormir mais. Se aproximou da janela para fecha-la e olhou a rua e a noite, nessa exata ordem, de baixo a cima.
Vázia, a rua não fazia sons e nem possuia movimentos.
Sentou-se a mesa e passou a olhar o vázio de sons, movimentos e luzes que era o céu e seu bairro.
Olhou a água e tudo aquilo que teria que secar e pensou mais um pouco sobre enxugar chão ou não, enxugar a mesa ou não, voltar para cama ou não.
O som da água pingando cortava o silêncio da rua, que junto do vento forte que entrava pelo espaço agora menor da janela ainda aberta, passava uma impressão maior de vázio.
Da rua, da casa e do vaso.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sonho nº4

Após algumas horas de caminhada e percebendo que seu corpo já estava cansado ele sentou na calçada em um gesto quase automatico - como se já planejasse fazer isso desde o inicio da sua jornada.
Olhou pra trás e pros lados e ao notar que estava só deitou-se no chão e passou a olhar pro céu. Olhando e lembrando da caminhada concluiu que nada do que tinha visto era digno das memórias e ajeitando os braços sob sua nuca ele viu as nuvens.

Nuvem por nuvem elas iam fazendo sombra a luz do sol, criavam formas que o fazia ter novas idéias e planos - Para onde ir? O que não foi visto ainda?
Enfim escureceu e um céu escuro se abriu, não se via nada alem de pontos que piscavam solitárias e em grupo...

Solitário e em grupo.... e ele então passou a se ver como uma estrela. E assim, olhando uma por uma tentou apontar, decidir qual era ele e assim ele fez. Decidiu pela Alfa de Centauro "é a mais próxima da Terra não é? A mais distante das outras estrelas talvez...." e assim ele dormiu.

Acordou em sua casa, sob um teto branco, uma lampada incandecente, uma janela mal fechada e uma realidade igual todas as outras.....

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Quadros e gente

Uma vontade de dormir somada a uma vontade de falar me fez voltar aqui - acho que escrevo bem quando sem pressão pelo tema.
Mentira.
Acho que escrevo mais quando não sei exatamente o ponto que quero chegar (o que me leva sempre aos mesmos lugares - vou ignorar isso)....

De qualquer forma...

Pessoas são imagens que se mexem - mas ainda é uma imagem.
Ela ta la, transmitindo algo e passando e dai a gente pensa algo sobre aquilo..... não que ela esteja mentindo ou inventando mas no fundo a gente ta vendo um detalhe exposto de uma grande vida escondida.

Quantos detalhes você sabe das pessoas que você mais pensa? No geral quanto menos sabemos mais queremos saber - o semi desconhecido é mais interessante que o próximo...
Verdade?

Talvez .... talvez o fato da pessoa ser alguem que não a gente - e o fato de que nós somos naturalmente fartos de si - faz do diferente mais atraente....

De qualquer forma... as vezes me vejo pensando e me perguntando sobre essas imagens - pensando em como são e o quanto eu sei... Sobre o quanto eu queria saber e sobre o quanto o que posso descobrir vai ou não me afetar. Existe essa troca de informação o tempo todo mas é diferente quando não acontece de forma inteiramente natural... Quando a gente é curioso, quando a gente tem interesse - a pessoa se torna ainda mais mistériosa e mais vem a vontade de saber

É aquele quadro que a gente não sabe o que o pintor quis dizer quando pintou - talvez seja assim as pessoas (ou a atração pela pessoa)
De qualquer forma .... um quadro bonito chama muito a atenção por si e a vontade de entender vem só quando a gente quer ter ele pra gente... Ver algo bonito que não é ou não vai ser nosso é diferente de quando a gente sonha com a possibilidade de ter.



Mas obviamente.... saber o valor do quadro vai dizer pra gente se temos ou não como te-lo. E pra saber o valor do quadro a gente vai querer saber mais do quadro.

Talvez eu esteja falando de platonismo - mas talvez eu esteja só falando sobre como sabemos pouco do que acreditamos querer.

domingo, 15 de março de 2009

Voltando

Quando foi a ultima vez que vim aqui?
Me pergunto um pouco se faz diferença - no geral o que fica na minha cabeça é a consciencia de que, pro bem ou pro mal eu tenho um blog e posso vir aqui de tempos em tempos....

Vim pra cá postar só por ter lembrado que ele existia, fiz como faço varias vezes - venho sem nenhuma ideia e começo a escrever torcendo pra algo vir na minha cabeça..... As vezes não funciona mas hoje funcionou



O problema são as linhas iniciais que eu gastei só pra isso vir, parece aina mais perdidas, mas dane-se.....

Quanto tempo faz que você não fala com alguem? Ou que não vai a algum lugar, não faz alguma certa coisa?
Escrevendo aqui notei que as vezes não faz tanta diferença quando a gente sabe que existe... quando a gente sabe que vai tar lá e que da pra renovar de uma hora pra outra com toda a naturalidade do mundo....

Talvez seja a graça real de uma amizade ou de um lugar - uma praia ou parque e por ai vai. Ela existe, sabemos onde está e como chegar....

Talvez tenha o lado oposto tambem - a de descaso e desinteresse.....
Por que ficar indo e dando atenção a todo e qualquer instante se eu sei que sempre vai tar lá?
Meu blog tem esses dois lados... a da segurança e confiança de que ele vai tar lá sempre que eu precisar..... mas tambem o descaso de quem sabe que daqui nada vai surgir que me cause crescimento....

E talvez seja diferença de uma amizade superficial para uma profunda.... o fato de que não queremos a distancia - independente da segurança que temos por não estar perto.
Me pergunto o quão sou o blog abandonado pras outras pessoas e quanto as trato dessa forma...

Por mais que eu gaste tempo nesse blog, não vai ser dedicado a ele meu ultimo pensamento de vida....E me pergunto agora o quanto isso sou assim para as pessoas....

Preciso dormir

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Percurso

De quantos primeiros passos a gente precisa pra chegar em algum lugar?
As vezes me pergunto um pouco isso - talvez sejá o problema na verdade... perguntar - e vejo que não é bem por ai....
Nenhum primeiro passo existe, considerando que antes a gente já andou - todo passo tem essa sensação fundamental de "estou indo pra frente", mesmo quando estamos pro lado.... é a direção que determina mais que a contagem
Quantos passos a gente vai dando até sair de casa é menos valioso que a direção da saída - mas isso leva pra outro ponto, saber a saída não determina que eu vou chegar nela

E entre direções e distancia a gente sempre volta pro mesmo ponto de que só vai quem foi, e só chega quem vai...... E nem por isso são imediatistas.... afinal, todos que vão chegarão?

E ai eu volto pro outro inicio, talvez perguntar seja o problema
Gosto de visualizar tudo atravez de imagens - e essa ainda não me veio nenhuma em mente..... prova que não cheguei certo?