quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Reincidencias

Sou um só sob estrelas
Repleto de si - vazio em outros - me completando sem me preencher da ideia de alguns e difuso na enormidade do todo
O todo é uno - simples em definição, amplo como o céu, escuro como ele em sua beleza mais pura

O céu só se divide no nada, em uma vida-esboço
Só se divide quando não há alem em si
Se troca o preenchimento da terra firme pelo eco oco do grito que não se propaga
O céu é o grande vazio intocado - que só se ve vivendo vazio igual

(23/07/2008)

Não quis a cama - troquei pelo caderno
Troquei o calor, a coberta, o conforto
Troquei - quis a noite
Quis o vento - procurei algo em mim
Procurei em mim o que vejo em outro

Mentira

Procurei em mim a minha voz calada, silenciosa
A minha voz muda, seca, minha voz sem cor
Transformei em palavra - em traço azul na folha branca
Palavra - traço - rabisco - letra
Tudo o que não significa, algo que não é - sem ser e sendo
Bem em si e repleto de si - de alguem
Troquei o sentido, aquele que só eu vejo, pela cacofonia que qualquer um pode identificar

Olha para cima a noite:
Vê cada um daqueles pontos brilhantes? Aquelas formas que não são e o vento carrega?
Aquilo é isso - o texto que escrevo
É o que alguem ve e não nomeia, só aponta
Nenhuma nuvem tem nome, quase nenhuma estrela é conhecida

Sabe aquilo que você sente e fala?
Que conversa contigo - que esconde de você - que expoem as paredes
São estrelas anonimas a olhos alheios
Troquei o calor da cama.
No vento frio tudo e o nada que sinto ganha sentido
Sentimentos solitários merecem as trevas para melhor visão

(05/08/2008)